No trimestre encerrado em maio, o Brasil registrou uma taxa de desemprego de 6,2%, a menor para esse período desde o início da série histórica em 2012, ficando próxima ao recorde de 6,1% registrado no trimestre encerrado em novembro do ano anterior.

Divulgada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, a taxa representa uma desaceleração significativa do desemprego, que estava em 6,8% no trimestre anterior e 7,1% no mesmo trimestre do ano passado. Esses dados indicam uma recuperação rápida e consistente no mercado de trabalho brasileiro.

Aumento do emprego formal e crescimento dos salários

Além da queda no desemprego, outros indicadores do mercado de trabalho apontam melhorias expressivas. O número de trabalhadores com carteira assinada alcançou 39,8 milhões, um avanço de 3,7% sobre o mesmo período anterior. O rendimento médio dos trabalhadores subiu para R$ 3.457, com crescimento de 3,1% em comparação ao ano anterior, enquanto a massa salarial nacional chegou a R$ 354,6 bilhões, um patamar recorde.

Redução do contingente de trabalhadores desalentados

O número de pessoas desalentadas – aquelas que desistiram de buscar emprego por falta de expectativas – caiu para 2,89 milhões, o menor volume desde 2016. Essa diminuição sugere maior confiança e disponibilidade dos trabalhadores para ingressar ou retornar ao mercado formal.

Crescimento dos trabalhadores por conta própria com registro formal

Outro destaque é o crescimento expressivo dos trabalhadores autônomos com CNPJ, que aumentaram em 3,7 milhões em relação ao ano anterior, totalizando 26,1 milhões. Essa categoria representa o maior contingente de ocupados por conta própria já registrado no país, com 25,2% dos trabalhadores nessa condição e 26,9% desse grupo formalizados com CNPJ.

Queda da informalidade no mercado de trabalho

A taxa de informalidade caiu para 37,8%, menor nível desde o último trimestre e em relação ao ano anterior (38,6%). Essa queda se deve à estabilidade no número de trabalhadores sem carteira assinada — cerca de 13,7 milhões — e ao aumento do trabalho autônomo formalizado.

Administração pública impulsiona a geração de empregos

O setor público, abrangendo administração pública, defesa, educação, saúde e serviços sociais, destacou-se com crescimento de 3,7% no número de ocupados comparado ao trimestre anterior. O aumento está associado ao início do ano letivo, que demanda a contratação de profissionais como professores, auxiliares e funcionários de apoio.

Mercado de trabalho resistente em contexto de juros elevados

Segundo o analista do IBGE, William Kratochwill, o desempenho positivo do mercado de trabalho decorre do dinamismo da economia brasileira mesmo em cenário de taxas de juros elevadas, atualmente em torno de 15% ao ano (Selic). Ele ressalta, entretanto, que a sustentabilidade dessa recuperação depende das políticas econômicas adotadas.

O objetivo da política de juros altos é conter a inflação, que acumula 5,32% em 12 meses, acima da meta de até 4,5%. Essa situação afeta o consumo e investimento, o que pode impactar o ritmo de geração de vagas no futuro.

Perspectivas para os próximos meses

Kratochwill projeta uma nova queda na taxa de desemprego nos próximos trimestres, condicionada à implementação de medidas públicas eficazes. O aquecimento da economia atual oferece um cenário favorável, mas a continuidade depende de políticas econômicas equilibradas.

A Pnad coleta dados de 211 mil domicílios em todo o país, contemplando pessoas a partir de 14 anos de idade. A taxa de desemprego considera apenas pessoas que buscam emprego ativamente, analisando os mercados formal, informal, temporário e autônomo.

Principais indicadores do trimestre

O cenário atual demonstra uma melhora consistente do mercado formal de trabalho, redução da informalidade e menor quantidade de trabalhadores desmotivados. Entretanto, desafios macroeconômicos como inflação acima da meta e juros elevados requerem atenção constante para garantir a manutenção desse ritmo de avanço na geração de emprego e renda.

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