O Senado Federal confirmou a rejeição ao aumento das alíquotas do IOF horas após a Câmara dos Deputados derrubar o decreto presidencial que propunha essa medida.

Por meio de votação simbólica, o plenário aprovou o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que revoga integralmente o decreto, acompanhando a decisão da Câmara.

O governo federal pretendia arrecadar cerca de R$ 20,5 bilhões para cumprir a meta fiscal de 2025 com o aumento do IOF, porém essa estratégia foi barrada pelo Congresso. Até o momento, bloqueios orçamentários e contingenciamentos já garantiram cerca de R$ 31,3 bilhões para o ajuste fiscal, mas a rejeição do decreto exige novas soluções para equilibrar as contas públicas sem afetar os compromissos.

Logo após a decisão da Câmara, o presidente do Senado pautou a votação rapidamente, e a medida foi aprovada com agilidade, em meio à forte oposição parlamentar.

Repercussão política e reação do governo

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner, criticou o que chamou de descumprimento do acordo político firmado entre o Executivo e as lideranças das Casas Legislativas, ressaltando que o parlamento deve honrar compromissos.

No Senado, a bancada do PT e parte da base governista mantiveram voto favorável ao decreto, porém a maioria manifestou oposição significativa à medida.

Na Câmara, os parlamentares rejeitaram o aumento das alíquotas do IOF com o argumento de que ajustes fiscais devem ser feitos priorizando cortes nas despesas primárias, sem onerar setores da economia ou prejudicar o consumidor final.

Justificativas da equipe econômica

O Ministério da Fazenda defendeu o decreto como uma medida necessária para evitar cortes profundos em políticas públicas essenciais e impactos negativos nos serviços estatais. O ministro destacou ainda que o objetivo era corrigir distorções tributárias entre instituições financeiras, fintechs e o segmento de apostas eletrônicas.

Segundo o governo, a proposta buscava criar uma tributação mais justa e equilibrada entre esses setores, evitando que alguns pagassem menos impostos que outros em situações semelhantes.

Principais pontos do decreto presidencial

Essas medidas faziam parte de um conjunto elaborado pelo Ministério da Fazenda para elevar a arrecadação e garantir o cumprimento do teto fiscal em 2025.

Argumentos contrários na discussão parlamentar

O relator do PDL no Senado, Izalci Lucas, criticou o aumento do IOF, destacando que a medida prejudicaria micro e pequenas empresas, aumentar o custo do crédito e feriria princípios legais como a segurança jurídica e a legalidade tributária.

Ele ressaltou que o IOF foi criado originalmente como instrumento regulatório, não como fonte primária de arrecadação, e que aumentar suas alíquotas poderia restringir o acesso ao crédito para consumidores e pequenos empresários.

Efeitos da rejeição ao aumento do IOF

Com o veto aprovado, o governo enfrenta o desafio de elaborar novas alternativas para equilibrar as contas públicas sem abrir mão do ajuste fiscal previsto para o próximo ano.

Desdobramentos e perspectivas para as finanças públicas

Agora, o governo precisa explorar outras fontes de receita, como revisão de incentivos fiscais, ampliação da base tributária e possíveis propostas substitutivas que possam ser aceitas pelo Congresso.

Além disso, pode aumentar os cortes em despesas discricionárias, subvenções e repasses, contudo, há pressão para preservar investimentos sociais, o que dificulta encontrar um ponto de equilíbrio.

O embate entre governo e parlamentares evidencia o protagonismo crescente do Congresso nas decisões econômicas, limitando o poder do Executivo para implementar ajustes via decreto.

Esse cenário sinaliza que o Legislativo está mais atento e atuante na definição das políticas econômicas, aumentando a complexidade das negociações envolvendo o orçamento federal.

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